Imagem de satélite mostra o complexo de enriquecimento de urânio de Fordow, no Irã, em 14 de junho de 2025 — Foto: Maxar Technologies/via Reuters
Especialista aponta que eventual acidente seria mais químico que nuclear.
Os ataques realizados contra usinas nucleares em meio ao conflito entre Israel e Irã levantam preocupações sobre a segurança dessas regiões. Ao menos três instalações nucleares iranianas foram alvo de bombas israelenses, entre elas uma localizada em Fordow, onde se acredita estar a maior operação de enriquecimento de urânio do país persa.
O pesquisador titular da Comissão Nacional de Energia Nuclear e professor titular do Instituto Mauá de Tecnologia, Eduardo Cabral, diz que, inicialmente, é preciso deixar claro que “o que é chamado de usina nuclear não é necessariamente um reator nuclear, que produz energia. Quando eles dizem que é uma ‘usina de enriquecimento’, eles querem dizer que é uma instalação industrial”.
Assim, uma eventual explosão da usina seria uma catástrofe, “um problema mais químico do que nuclear”, afirma o professor.
Cabral explica que o processo de enriquecimento do urânio é feito em etapas. Primeiro, o minério é refinado e transformado em um “concentrado de urânio”, chamado “yellowcake”.
Depois, isso é transformado em um gás chamado hexafluoreto de urânio, que é utilizado no enriquecimento do urânio. Essa etapa acontece dentro das chamadas “cascatas de centrífugas”, onde a concentração do isótopo 235 do urânio é aumentada, para ele seja usado na produção de energia nuclear.
“O gás hexafluoreto de urânio é extremamente venenoso e a sua respiração de uma quantidade mínima é fatal. Então se vazar uma quantidade muito grande desse gás, você tem um acidente químico muito grande, mas não um acidente nuclear”, explica Cabral.
O professor não descarta o risco trazido pela radiação de uma grande quantidade de urânio 235, mas considerando que a usina em Fordow trabalha com o refinamento do minério, a concentração de gás hexafluoreto de urânio na estrutura industrial se torna mais preocupante, ainda mais se a área de produção do gás estiver localizada mais próxima da superfície e exposta aos ataques aéreos.
FONTE; VALOR ECONÔMICO GLOBO
